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Pesquisadores do Nuprima comentam ataque israelense ao Líbano e atentado terrorista no Irã

Foto do escritor: nuprimanuprima

Ataque Israelense ao Líbano


Issam Menem


O desdobramento recente do conflito entre o movimento libanês e Israel, desencadeado pelo ataque israelense que resultou na morte do líder palestino Saleh Al-Arouri em Beirute, traz à tona reflexões profundas sobre a dinâmica regional.


Através de dois discursos públicos proferidos, o secretário-geral do Hezbollah, Hassan Nasrallah, ofereceu dados que merecem maior reflexão.

O acesso aos dados do conflito em curso tem se revelado uma tarefa desafiadora, uma vez que Israel não disponibiliza publicamente informações detalhadas ou relatórios sobre os eventos na fronteira, o que contribui para um cenário de incerteza e limitações na análise do conflito.


A Frente libanesa, ativa nos últimos 90 dias, estende-se por 100 km, desde o Mediterrâneo até as ocupadas Fazendas de Chebaa. O movimento libanês afirma ter atingido todos os 48 pontos militares israelenses ao longo da fronteira em 670 operações, infligindo perdas substanciais, tanto em termos de equipamentos e veículos militares quanto de tecnologia, totalizando centenas de milhões de dólares.


O conflito adquiriu dimensões impactantes, com mais de 2000 feridos e 17 assentamentos na alta Galileia atingidos por mísseis e foguetes. O êxodo de mais de 200 mil civis israelenses da alta Galileia adiciona uma camada adicional de impacto, não apenas econômico e social, mas também político, intensificando a pressão sobre o governo israelense. Hassan Nasrallah destacou a quebra de um padrão na dinâmica deste longo conflito, ressaltando que, no passado, os sulistas libaneses se refugiavam enquanto a vida cotidiana seguia seu curso no norte de Israel. Agora, o conflito também impõe distúrbios aos israelenses do Norte.


A mobilização de 120 mil soldados israelenses na frente norte, juntamente com uma parte substancial de suas capacidades aéreas e marítimas, revela a escala do envolvimento de Israel nesse conflito. Nasrallah destaca a fragmentação das forças armadas israelenses devido a essa frente, sugerindo que isso desviou a atenção de possíveis ataques mais intensos na Faixa de Gaza.



Atentado terrorista no Irã


Camila Hirt


Comentário em referência à esta reportagem do jornal Al-Jazeera.


A principal discussão abordada pelo Al-Jazeera refere-se à autoria dos ataques e as respostas fornecidas pelo Irã. Dois possíveis responsáveis são apontados: o ISIL ou Israel. Ainda que não descartem a possibilidade do envolvimento israelense, os comentaristas consideram que o método utilizado está mais alinhado com a atuação do ISIL, especialmente pelos alvos civis xiitas. Eles destacam que a maioria dos ataques israelenses ao Irã tendem a atingir oficiais de alto escalão e/ou a infraestrutura do regime.


Acho interessante destacar que um dos entrevistados, o Ali Fathollah-Nejad, cogita a possibilidade de que o próprio Estado iraniano seja o autor dos ataques, destacando que o Irã teria a ganhar com a securitização das dinâmicas internas. Essa ideia, no entanto, é negada pelos demais. Um dos professores inclusive destaca que a legitimidade da República Islâmica se apoia na ideia de trazer estabilidade diante das dinâmicas regionais, então promover esse tipo de crise interna não seria vantajoso. Importante lembrar também que, de maneira geral, grande parte dos atingidos são apoiadores do regime, uma vez que o ataque ocorreu durante uma cerimônia que fazia referência aos quatro anos da morte de Soleimani.


Em relação à possível resposta fornecida pelo Irã, os comentaristas destacam que ela vai variar de acordo com quem for responsabilizado. No caso de a autoria ser atribuída a Israel, espera-se que isso possa levar a um maior acirramento das tensões em torno do conflito em Gaza. Já no caso de a autoria ser atribuída ao ISIL, entende-se que isso faz parte de uma dinâmica separada e que a resposta iraniana seria pontual, atingindo lideranças do grupo na região.


Importante pontuar que essa discussão foi realizada antes do ISIL assumir a responsabilidade pelo ocorrido. No entanto, outra matéria do Al-Jazeera destaca que por mais que o grupo tenha promovido ataques no Irã em 2017 e 2022, as autoridades iranianas não levaram a sério a ideia de que eles tenham sido os responsáveis pelas explosões. Segundo a matéria, os iranianos não analisam isso de forma isolada em relação ao que está acontecendo em Gaza. Contribuem para essa visão o fato de um dos principais comandantes do IRGC ter sido morto por um ataque aéreo israelense na Síria no fim de dezembro e das explosões terem ocorrido um dia após o assassinato de um comandante do Hamas no Líbano.

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